terça-feira, 16 de junho de 2009

CADÊ OS BRINCOS?

(Minha lindinha horas após o nascimento).


Ao chegar o início de um novo ano, certamente todos nós fazemos uma avaliação dos feitos do ano que se passou, e refazemos os planos que talvez não tenham sido concretizados, e criam-se novas perspectivas, lançam-se novos projetos aos desejos ainda não realizados.

Particularmente, comigo não foi diferente, porém pude realizar um desejo contido em minha alma, por toda a minha vida, o de gerar uma menina! Igualmente com minha esposa, existia similar anseio, comentamos por vezes sobre esta perspectiva, mas que tão somente não dependia apenas de nossa iniciativa e empenho em realizá-lo.

Levamos ao Supremo criador, onisciente Deus, este nosso desejo e petição, e Ele nos ouviu e atendeu plena e completamente, dando-nos a resposta precisamente com 2.925kg às oito horas e oito minutos do dia dezenove do mês de abril no ano de dois mil e sete. Pela primeira vez em quarenta e quatro anos de vida presenciei o nascimento de um bebê em parto de cesariana, o da nossa filhinha Sarah. Indescritível foi minha ansiedade, aflição e emoção de ver se realizando ali naquele momento o desejo de muitos anos! Somente quem é pai e passou pela mesma circunstância, consegue entender o que senti!
Após os primeiros cuidados a mamãe pode recebê-la por alguns segundos ao seu rosto e sentir o calor e os movimentos de nossa pequenina fora de seu útero! E eu ao lado às lágrimas registrando e contemplando a cena!
Com o passar dos dias e meses, ao receber visitas uma pergunta seguidamente foi, e ainda é feita por pessoas, parentes e amigos, em especial do círculo de minha esposa.

-Cadê os brincos da belezinha?

-Por que ela não usa?

-Vocês precisam furar as orelhinhas dela, pois mais tarde será mais dolorido!

Estas perguntas e afirmação me intrigam, incomodam e é o motivo de estar aqui apresentando minhas justificativas para discordar do seu uso.
Nosso bebê nasceu sem cabelo, algo que eu acho tão natural! Mesmo que por vezes nossa lindinha tenha sido confundida a um bebê do sexo masculino, por não ostentar tais adereços, nestes momentos relembro do meu pedido ao Poderoso Criador, o de ter em meus braços uma descendente perfeita física-intelectualmente. Todo dia agradeço ao papai do Céu que tão prontamente atendeu-me com a presença do mais belo Ser do universo formulado por Ele!

1 - Quando DEUS criou o ser humano perfeito ele O fez segundo “... a Sua imagem e semelhança...”. Gênesis: 1. Portanto ao colocar a vida da Sarah Hadassa em nossas mãos, está depositando toda a Sua confiança, para mantermos a originalidade, nas belas e perfeitas características DELE, não temos o direito mudar ou “melhorar” o que fez, agindo assim estaríamos traindo este amor. Cada filho que Ele concede ao ser humano é uma afirmação de sua bondade e esperança no homem. Como se Ele dissesse a mim: ...pegue-a e cuida bem desse anjinho. ...Eu acredito em você! ...faça sua parte daí que eu faço a Minha daqui.

2 - Nossa princesinha veio ao mundo com o livre ARBÍTRIO, prerrogativa dada pelo Grandioso Formulador e Criador da vida e de todas as coisas existentes no universo em que vivemos. Pergunto: Posso eu chegar a você lhe segurar dizendo: ...com licença porque eu vou furar seu nariz e colocar um piercing, pois as pessoas usam e vão achar bonito em você! Teria eu o direito de praticar tal ato?
Certamente de imediato, pra não falar de outros atos e palavrões, eu ouviria um alto e sonoro NÃO.

A LIBERDADE é um direito extremamente valioso do ser humano, e que jamais se deve cercear.

Minha incumbência aqui neste mundo é o de preservar, proporcionar segurança, conforto, guiar, orientar, ensinar, “... no caminho em que deve andar...” (Provérbios 22:6), corrigir todos os passos, que nossa rebenta venha galgar, e não o de impor tamanha violência agredindo e ferindo tão perfeito e lindo corpinho de alguém que ainda não pode decidir sobre o que quer.

Além de apresentar minha convicção e implicação religiosa exposta acima, vejo outra implicação de ordem jurídica, exaradas no Estatuto da criança e do adolescente em vigor, conforme preconiza o Artigo 15; “A criança tem o direito à liberdade, ao respeito e a dignidade...” Já o artigo 17 é claro quando diz; “O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física psíquica e moral...” abrangendo ainda a “... preservação da imagem, da identidade, da autonomia...”.

Os pais têm o direito de educar os seus filhos como bem lhes aprouverem, porém deveriam levar em consideração que se uma criança tivesse o conhecimento das leis que as resguardam, muitos pais hoje estariam respondendo juridicamente pela pratica de atos insanos contra elas. O que no meu entender é passível de no futuro, ao crescer, o(a) então maior, venha a cobrar na justiça a irresponsabilidade deles no passado.

A opção e a decisão de ter ou não as suas orelhinhas furadas, cabem única e exclusivamente à minha filha quando ela tiver autonomia sobre seus atos.

Com toda certeza, se eu estiver ao seu lado quando essa fase da sua vida chegar, ela saberá das minhas razões.

Na minha ausência, ela estará certamente lendo esse texto.
(janeiro-2008.)


Papai.

Izaias Teixeira Corrêa

Esse texto escrevi em janeiro de 2008

Somente agora em junho de 2009 publiquei neste espaço.

Abaixo foto da minha lindinha hoje com dois aninhos!

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