terça-feira, 8 de dezembro de 2009

EU ...MOTOCICLISTA

Sensação agradável, até inexplicável é a de pilotar uma motocicleta.
Já o fiz ao me habilitar pela primeira vêz (moto e carro) em 1982, quando emprestei uma moto de um colega de trabalho, uma CG125. Ná época não era exigido o uso de capacete, e aquele vento "batendo" no rosto é algo que somente quem anda pode sentir.
Passei muito tempo sem ter uma, tive uma  Yamaha RD180  ainda na década de 80,  mas desde então esporadicamente pegava alguma emprestada somente pra saber se ainda sabia pilotar! Em 1989 comprei uma menor, mas de arrancada surpreendente, uma  Yamaha TT125, hoje não são mais fabricadas essas motos especialmente por serem muito polidoras, deixando um rastro de fumaça azul e de um cheiro inconfundível por onde passava, devido ao motor ser de funcionamento em dois tempos.



Agora, depois de muito tempo, tenho novamente uma motocicleta, minha esposa sempre me alertara antes de comprar sobre os riscos ao se andar de moto, passei mais de um mês convidando-a pra andar comigo, depois de muito tempo ela aceitou meu convite, e agora faz insinuações indicando que está gostando de andar na minha garupa!!!!!
Quanto ao ser arriscado? Realmente é sim, mas posso compreender melhor estando ao guidão de uma, como os outros se arriscam desnecessariamente no trânsito, especialmente quando dirijo meu carro, pois a impressão que se dá é que todos os motociclistas são irresponsáveis, mas não é bem assim, eu sou muito responsável!!  Por  vezes seguidas me sinto "careta" por seguir as regras de trânsito, não me atrevendo em passar por entre os carros, embora a minha moto seja de uma boa potência (Honda Twister 250cc).

Tenho muitos desejos ainda pra realizar em minha vida, dentre tantos, é de poder pilotar uma motocicleta minha, de potência superior a 600 cilindradas, todo terreno, em qualquer lugar, e poder levá-la dentro de um Motor Home por onde eu for.


Hoje, olhando mensagens de um amigo no Orkut, lí uma oração interessante, e que apresenta à Deus as súplicas de quem conduz esse veiculo de duas rodas. 




ORAÇÃO DO MOTOCICLISTA
SENHOR, fazei que o guidão da minha moto sejam os vossos braços, que eu segure firme para não cair em maus caminhos.
SENHOR, que o farol ilumine minha vida com a LUZ de vossos ensinamentos e que as lanternas indicadoras de direção sejam o sentido a tomar, direita ou esquerda: nunca mais saia do caminho certo que é o caminho do céu.
SENHOR, fazei que nos espelhos retrovisores eu enxergue os próprios erros, para emendar-me deles e amar-vos cada vez mais.
SENHOR, no lugar da gasolina colocai a água viva oferecida à Samaritana para que nunca mais eu venha a ter sede das necessidades deste mundo; dai-me forças para permanecer em pé e vá ao vosso encontro.
SENHOR, que o ronco do escapamento seja o som de vossa VOZ, soando sempre em meus ouvidos através das palavras da Bíblia.
SENHOR, que as rodas da moto venha mostrar que estou rodando em um mundo firme, porque vós sois o CAMINHO, a VERDADE e a VIDA.
Amém.


 







domingo, 6 de dezembro de 2009

MEU TIO CLÁUDIO


Quando criança, eu tinha aproximadamente cinco ou seis anos, num lugarejo chamado de São Pedro, bem pra frente de Nova Ipira, hoje chamado de São Camilo, distrito que pertence ao Município de Palotina no Estado do Paraná. Conheci um homem que tinha o andar firme, mãos calejadas, usava botinas de couro, chapéu, muitas vezes o vi fazendo uma proteção de couro pra sobrepor alcançando quase até o joelho, na época não entendia pra que servia todo aquele aparato, mas perguntei pra aquele homem que eu chamava de vovô e ele me disse que era pra “se proteger das cobras”.
Outras vezes o vi em volta de um couro bovino ainda com pêlos, cortando finas tiras, com uma faca bem afiada. Em frente de sua casa existia um terreiro grande, e, ele esticava uma a uma aquelas tiras amarrando-as entre troncos de árvores, lembro-me que eram de “sinamão” ou “santa bárbara” como conheço, deixando-as por algum tempo! “é pra secar” dizia ele! Depois desse trabalho ele raspava uma a uma, tirando todo aquele pêlo e acertando uniformemente a espessura das tiras. Em outros dias eu o vi pegando algumas daquelas tiras, e juntando-as nas mãos, fazia movimentos alternados como que trançando! Depois de muitas horas o via acertando com carinho o resultado de seu trabalho artesanal! Eram peças muito bem trançadas! Algumas se destinavam a peças de arreio, cabresto, cela, mas, a que eu mais admirava era aquela bem comprida que ele classificava de “laço de couro”. Sabia também que fazia os próprios móveis de sua casa, mesa, cadeiras, cama, guarda roupas e os armários de cozinha. Construía casas de madeira. Vovô João era assim ... Um HOMEM dedicado ao trabalho e ao lar e a família. Porém vivia só! Não tinha uma companheira, os filhos e as filhas foram se casando e saindo de casa. Lembro-me do casamento da tia Elisa, da tia Zeneida e ainda tinha uma tia mocinha pequena chamada Lúcia que iria demorar muito tempo ainda pra se casar.


 
 




Um dia ouvi comentários da minha mãe que o vovô iria se casar com uma jovem cristã, não tão jovem assim, mas que era solteira. O vi adentrando o altar da pequena igreja Adventista daquele lugar acompanhado da moça com vestido de noiva branco. Eu prestei atenção na botina do vovô, era novinha, e ele não estava usando aqueles aparatos que fazia.
Algum tempo depois, nascia um bebezinho que o vovô a vó Raimunda deram o nome de Cláudio. Eu já estava acostumado ver bebês em casa, pois minha maninha Mariese era bem pequena, só não compreendia bem o fato de ter de chamar aquele bebê de titio! Minha mãe explicou, disse que era seu irmãozinho por parte de pai, e que era meu tio.
Cresci quase ao mesmo tempo, eu mais velho e minhas irmãs e meu mano menor, sempre visitávamos a casa do vovô João. Sempre estávamos juntos, e seguidamente dava uma briga do Cláudio com minhas irmãs, coisas de crianças.
Aprendi a andar de bicicleta numa do meu tio Enos, era uma Olé-70, de cor verde. Pra explicar melhor, foi uma série comemorativa que a Monark (fabricante) fez pra celebrar a conquista da copa do mundo de futebol daquele ano pelo Brasil, tinha um circulo redondo no quadro central em formato de bola, inclusive nos desenhos das ranhuras dos pneus, onde ficava marcado no chão > olé70. O tio Enos não morava mais com o vovô, era 1973, e ele tinha ido estudar e ajudar a construir o novo Colégio IAP (Instituto Adventista Paranaense) e, eu pegava aquela bicicleta atravessava a perna direita no meio daquele circulo que ficava no quadro central , ficava dando voltas em torno da casa. O mais engraçado que eu acho agora é que aquele garotinho corria atrás de mim querendo me derrubar da mesma! Algumas vezes ouvia a vó Raimunda gritando Claaaudio!! Ele sempre estava a fazer peraltices, tipo jogar água nas minhas irmãs, correr atrás das galinhas...

 

O tempo passou e um dia fui me despedir do meu avô lá no sítio dele num lugar chamado Bom Jesus, Município de Capitão Leônidas Marques. Passei o sábado e no domingo cedo , antes de me despedir, pedi ao vovô que queria registrar com minha máquina fotográfica aquela visita. Tirei algumas fotos com aquele casal e seu pequeno filho! Meu tio Cláudio. Pra tregistrar o momento  o vovô se preparara todo orgulhoso, colocou bombacha, botas e um lenço branco no pescoço. Pois eu estava de mudança pra Cuiabá. (Junho de 1982) e não saberia quando novamente nos tornaríamos a encontrar. Uma vêz  vovô veio em Cuiabá para o casamento de meu primo Elias, podemos, eu e meus irmãos, rir muito das piadas de adultos que agora o vovô podia contar.
Depois de muitos anos em agosto de 1993, foi outra vez, muito emocionado, especialmente  porque o vovô estava imobilizado e adoentado em um leito hospitalar que pude vê-lo pela última oportunidade.

Em agosto de 2007 eu visitei a residência do meu tio Cláudio, após o almoço, ele com muito orgulho me chamou "vem cá, quero te mostrar uma coisa!" me levou a um quarto onde estavam algumas peças de montaria e apetrechos feitos de couro, que seu pai usara, resgatara e estava guardando com muito carinho. Eram peças semelhantes às que eu presenciara meu avô fazendo quando eu era pequeno. Vi seus olhos merejarem emocionado, e me disse que aquela era a melhor herança material que tinha.

Hoje tento trazer em minha lembrança todos aqueles momentos felizes em que vivi junto do meu avô e sua família. Pois neste exato momento aquele garotinho que se tornara um homem  forte, alegre e de um humor refinado nos deixou sem sua companhia!
Deixa-nos sem se despedir! Tenho a necessidade de rever esse homem, pois tinha planejado visitá-lo em breve pra colocar nosso papo em dia. E agora?

Terei que esperar um pouco mais... estou aguardando pra poder rever e “tomar um chimarrão” juntos, ele meu avô e eu.



Izaias Teixeira