É muito comum algumas pessoas se apegarem a esta passagem da Bíblia para justificarem o fato de que, segundo elas, a "nova aliança" não exige mais a obediências aos princípios alimentares do Antigo Testamento (cf. Lev. 11).
Mas... é isso mesmo?
Alimentos declarados imundos são purificados pela oração?
Há dois problemas com esse tipo de interpretação:
1. A contradição com outras passagens da Bíblia:
Analisando o texto
1. Apostasia da fé, doutrina de demônios, mentira - podemos dizer que as orientações bíblicas sobre alimentação são de natureza “apóstata”, “demoníaca” ou “mentirosa”? É claro que não!
Em Lev.11 é onde estão as leis sobre animais limpos e imundos, e o texto começa com a expressão “disse o Senhor a Moisés...”.
3. Quais os alimentos que Deus criou para os fiéis que conhecem a verdade?
Gên. 6:9 diz que Noé era justo, íntegro e andava com Deus. Noé era um fiel e foi o primeiro (mencionado na Bíblia) a conhecer a verdade sobre os animais limpos e os imundos (7:1-2).
4. Tudo o que Deus criou é bom? Sim, mas nem tudo se come!
Prov. 16:4: “O Senhor fez todas as coisas para determinados fins e até o perverso, para o dia da calamidade”.
Em 1Tess. 5:18 somos admoestados a dar graças a Deus por tudo.
Algumas mudanças operadas pela oração:
Na visão simbólica de Pedro em Atos 10 (também muito usado pelos que gostam de comer todo tipo de alimentos imundos), não são os animais, mas os gentios (que eram considerados como animais pelos judeus) que são purificados (v. 28).
A que Paulo, então, se refere em 1Tim. 4:1-5?
Houve uma heresia grega que floresceu no seio do cristianismo primitivo, chamada de gnosticismo, que entre outras coisas afirmava ser a matéria (corpo) algo mau.
Sendo assim, alguns renegavam a tudo o que fosse material, como certos alimentos (para eles eram criados por uma divindade inferior), e o casamento. Simpatizantes destes pensamentos gnósticos chegaram a afirmar até que Jesus não tinha um corpo, apenas “parecia ter”, caso contrário Ele não poderia ser considerado um perfeito Messias.
Outros se entregavam às mais degradantes práticas, por crerem que não importava o que fizessem com o corpo, pois isso não afetaria seu espírito.
Portanto, o que Paulo estava atacando era este movimento filosófico que tentava impor regras de vida para as pessoas, não como tentativa de adoração ao Senhor, mas sim como meio de “maltratar” e subjugar a carne – o corpo.
Nada tinha que ver com os alimentos imundos descritos em todo o restante das Escrituras.
Por mais que os descrentes (e até alguns "crentes") desejem justificar seus maus hábitos alimentares, jamais poderão usar a Bíblia para isso, pois ela sempre defendeu o uso de uma alimentação saudável, equilibrada e livre de artigos condenados pelas leis divinas.
Autor: Prof. Gilson Medeiros